quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

[I want to hold your hand]

Quando ele disse que viajaria ela fez cara de espanto, mas depois acabou dizendo: -que tri! Tinham uns dias ainda juntos antes de darem o derradeiro beijo de despedida. Aqueles dias se arrastaram, pareciam bem longos, ironicamente ao que se sente quando se quer que o tempo não passe e ele acaba voando.

Quando chegou a véspera da viagem, ela chorou, chorou muito. Em meio às lágrimas dela, eles combinaram horários e esquemas para se comunicarem, afinal, para pessoas que passam juntas todo o tempo ficarem um mês separadas deveria ser um caos. Resolveram que se falariam por celular e, evetualmente, na internet.

Quando ela se despediu dele na porta da sala de embarque, chorou mais, colocou os óculos de sol para disfarçar, sorriu aquele sorrisinho encorajador para ele e quando já não o viu mais dentro da sala se virou e foi em direção às escadas rolantes.

Quando ela chegou em casa foi para o quarto rastrear o voo, saber se correu tudo bem e ganhou o dia quando, de um longínquo aeroporto no centro do país, ele fez o primeiro contato depois do adeus, a janelinha piscando laranja no msn, o sorriso dela se abrindo e o alívio, pois tudo correra bem.

Dias passam, ligações de celular mal se podendo ouvir quem fala do outro lado, a internet virou a única forma de comunicação. No início, as coisas saíram bem, mas a virtualidade da comunicação passou a ser cada vez mais uma sessão de tortura. É internet sem sinal, computadores com problemas, diferença de horários, cansaço de esperar, enfim, a vida mudou muito desde que ele resolvera viajar.

Agora ela está com dores nas costas crônicas pelas posições desconfortáveis para teclar com seu amado, dorme mal, come mal, quase não desliga o notebook, e ele confessa que também tem sua dose de estresse.

Quando alguém disse que o amor é uma dor estava descrevendo a situação pela qual nossos amigos separados estão passando. A paciência é uma virtude e o dorflex, uma necessidade. Não desista, amiga!


Um comentário:

  1. ...E quem um dia irá dizer
    Que existe razão
    Nas coisas feitas pelo coração
    E quem irá dizer
    Que não existe razão...

    Já conhecia essa fábula moderna :)

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