quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

[Eu fico com a pureza da resposta das crianças]

Estou aqui em estado de semi-zumbi, derretendo nessa cidade meio deserta quando escuto as crianças do vizinho rirem por alguma razão, vou até a janela e eis que vejo o motivo de tanto barulho, elas estão brincando na piscina, óbvio, por isso riem tanto.
Me deu uma saudade da minha piscina e de quando eu cabia nela, piscininha de plástico, saca? Daquelas que todas as crianças dos anos 80 em diante, pelo que me lembro, tinham montadas no pátio de casa ou da casa da vó, era alegria garantida e alívio pro calor, se bem que naquela época o calor não incomodava tanto assim, aliás, nada incomodava.
Lembro que enchia a paciência do povo aqui de casa pra montar a bendita, o que levava tempo e geralmente era em horário de sol forte que torrava qualquer pai ou tio que se dispusesse a realizar o ingrato serviço. Depois de montada era hora de esperar encher, e lá ligavam a mangueira com sua vazão ridícula de água que levava séculos pra completar, e, obviamente, as crias já estavam dentro da piscina sujando a água que mal entrava.
Mas o legal mesmo eram as gambiarras para cobrir durante a noite e enjambrar os furos. Eu adorava o método que envolvesse chicletes mascados para tapar os furinhos, meu pai teimava que devia colocar durepoxi (será que isso ainda existe?) e quando ele inventava isso era o fim, pois tinha que esvaziar a piscina, secar, e depois fazer todo processo de esperar secar a cola, o que era a pior parte, para só depois encher tudo de novo. Sim, os furos eram nossos maiores inimigos, mas de certa forma se criou uma espécie de senso de responsabilidade e de noção para a preservação da piscina já que conhecíamos as consequências da falta de cuidado. E a cobertura da noite sempre era um lençol meio velho ou uma lona, e não importava a opção, sempre voava de madrugada e no outro dia a piscina parecia o chão de uma floresta, cheia de folhas de árvore.
Hoje a piscina não faria mais milagres de alegria instantânea, pra chegar perto daquele sentimento, as pessoas grandes precisam de mais do que mil litros de água envoltos em plástico. Feliz de quem consegue se contentar com o simples!

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