segunda-feira, 10 de maio de 2010

[Estou com medo, tive um pesadelo...Só vou voltar depois das três]

Ontem foi o domingo de dia das mães, pensei na minha mãe e em todas as mães que eu tenho e que eu conheço, passei o dia com elas, conversamos e rimos, comemos horrores, lavamos a louça várias vezes e então me veio a ideia, depois de muito tempo pensando o oposto, de que ser mãe deve ser bom.
Não curto muito perder o controle das minhas coisas e da minha vida e por isso sempre pensei que a maternindade se tornaria de uma hora para outra um descontrole total, pois colocamos no mundo um ser humano que controlamos no início, mas que não vem com manual de instruções e certificado de garantia, ou seja, vou reclamar pra quem?
A televisão nessa época de paranoia consumista só piora mostrando os comerciais recheados de bebês fofinhos e roliços, com suas risadinhas amáveis criando a falsa sensação de que aquilo tudo é só isso: maravilhoso, gratificante... Chega a dar até vontade de repensar toda minha vida e incluir uma miniatura minha nos meus planos futuros.
Mas e as minhas dúvidas, as minhas vontades, os meus sonhos, onde que eles ficam? Quando uma fêmea abre a boca e profere a ideia de que não pensa em ter filhos é vista com um pouco menos de nojo do que um pobre cãozinho sarnento, será que isso é ainda tão grave na nossa sociedade?
Parece nobre e até soa muito lindo querer dividir o próprio corpo com aquela obra da nossa engenharia pessoal, fornecer metade do DNA, abolir as noites de sono, amparar os dias de dor de ouvido, e isso tudo na fase mais bacana que é quando eles não sabem falar ou xingar. Mas e na adolescência? Eu fui adolescente, ninguém me contou, que fase maldita pra quem vive porém para quem vive essa fase, mas já passou dela, ou seja, para os pais, deve ser como ir para o inferno em vida ou coisa pior.
O pouco que posso concluir desse impasse existencial é que algumas mulheres nascem para ser mães, outras para não ser, algumas aprendem mesmo sem ter jeito no início, outras nunca aprendem nada virando filha dos filhos e tem a classe que jamais deveria ter posto uma cria no mundo por incapacidade psicológica, mas tem coleção de rebentos, enfim, não há lei absoluta, cada caso é um caso.
Apesar de tudo isso confesso que as portas não estão totalmente fechadas para essa ideia, sei lá, daqui a alguns vários anos, o apartamento pode ficar muito vazio, muito silencioso, com as paredes muito sem riscos de giz de cera...Quem sabe...

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Uma ressalva sobre a adolescência: não estou cuspindo no prato que comi, curti muito minha fase maluca de festas, de neuroses sobre quem sou e para onde vou e das paixões lancinantes, mas quando falo sobre a maldição dessa etapa é justamente sobre as inquietudes e os milhões de dúvidas que pairam na cabeça de toda criatura nessa idade, situação que afeta o jovem e todos ao seu redor (leia-se: pais e/ou responsáveis) .Fora isso, é, sem dúvida, a fase mais divertida da vida, mas isso pra quem sabe se divertir! =P

3 comentários:

  1. Concordo!
    Não podemos resumir nossa vinda aqui para fabricar pessoas. Podemos ser pais e mães de diversas crianças (ou mesmo adultos), sem, no entanto, necessariamente termos que gerar alguém. Penso que as relações de afeto podem ser tão grandiosas quanto as de sangue: só precisamos cultivá-las.
    Podes ser mãe de várias formas (se quiseres), mesmo sem gerar um bebê. Penso que a maternidade, como colocaste acima, não se resume a um parto.

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  2. Ser mãe não é só gerar,com certeza, mas as responsabilidades são as mesmas em qualquer caso, engravidando ou adotando, é a isso que me refiro, se fosse só gerar seria um abraço. Qdo falo em não querer ter filhos, biologicamente ou não, é sobre não querer me prender nessa atividade que dura o resto da vida, mas, como eu disse, um dia pode ser que eu pense diferente. ;)

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  3. Acho que o único "pré-requisito" para ser mãe ou pai é ter capacidade de amar. O resto vem com o tempo. =]
    "O amor tudo suporta."
    Tenho plena certeza de que tu serás uma excelente e exemplar mãe, Prizinha. =D

    Bjo!

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